Recordando a minha Nanucha

Nos meus tempos de Guiné, adquiri um macaco babuíno. Era uma fêmea enorme, a quem lhe pus o nome de Nanucha. Ela foi minha companheira fiel durante longo tempo e, quando eu vinha a Bissau; acompanhava-me sempre para todo o lado. À minha direita o meu fiel Ney, o cão que eu levei de Portugal, e à minha esquerda a Nanucha. Sentava-me eu na esplanada do café e já a Nanucha puxava da sua cadeira e refastelava-se nela, olhando em redor com ar desafiador, para que ninguém se aproximasse da mesa. Enquanto o Ney tirava um cochilo deitado a meus pés, a Nanucha inquiria as redondezas sempre à espreita a ver se alguém se atrevia a fixar o olhar em mim. Porque ciumenta era a "rapariga"... Então que nenhuma mulher olhasse para mim, porque ela, ameaçadora, imediatamente arreganhava os dentes em jeito de ameaça.
A Nanucha era uma perfeita "senhora", ou melhor, quase uma perfeita "senhora". Gostava de apreciar o seu cálice de vinho do Porto, e era vê-la pegar no cálice entre o polegar e o indicador, e saborear em pequenos goles. O pior vinha no fim: quando a Nanucha esvaziava o copo, enfiava a língua lá dentro e lambia o interior. Que falta de maneiras Nanucha... mas, enfim, eu tudo lhe perdoava, pois ela foi durante muito tempo a minha companheira de dia e de noite, e a minha defensora.

Os macacos fazem-me sentir pena. São demasiado iguais a nós. Contra a minha vontade acho que os vejo como humanos menos aperfeiçoados em termos socias. Se bem que a perfeição dos humanos em termos sociais também é discutivel, mas penso que consigo fazer entender o que quero dizer. Vê-los então enjaulados a fazerem movimentos tão parecidos comigo, a pegarem nos bebés, a comer com as mãos... ái... até parece que faz doer.

Tem razão Maria João. A minha Nanucha andava à solta, nem sequer usava trela. Era uma autêntica "senhorinha". Acompanhava-me para todo o lado, quer no mato, quer na cidade. Catava as pulgas aos cães, dormia na sua cama, só fazia as suas necessidades ao ar livre...era a minha "guarda-costas", até exagerava... Tinha uma pontaria a atirar pedras, que ninguém faz ideia! E então mulher que olhasse para mim... levava pedrada pela certa. Como eu a recordo tantas vezes...

Agora já podem admirar a minha saudosa Nanucha! Era mesmo bonita, não era? Quantas mulheres gostavam de ter a beleza dela!...

Gostei de ver a Nanucha!!
Mas... o que aconteceu com ela? Era velhota? Ficou por lá? Tenho receio de estar a tocar num ponto sensivel pois tudo o que deixa muita saudade não terá tido certamente uma despedida fácil. Mas tudo o que se guarda no coração estará conosco para sempre.

Quando regressei da Guiná, trouxe comigo quatro macacos, vulgarmente designados por "macacos de tarrafo". Eram eles: o Nino, a Nani, a Néné e a Gelu. Trazer uma babuína comigo era impensável! Oferecia-a a alguém que, durante muito tempo, me pedia a macaca, e que gostava muito dela. Ficou muito bem entregue, embora, nos primeiros tempos, quer eu, quer ela, tivéssemos sentidos saudades.

Uma doce recordaçao.. uma saudade, de quem nos trata bem. Aqui trata-se de um animal, mas não sao eles que td nos dão em troca apenas de sobrevivencia?
A frase: "Qt mais conheço o Ser Humano, mais gosto dos animais", faz todo o sentido, e aqui temos uma prova disso.

Um abraço para todos os q respeitam os animais.

Nay

Eu adoro especialmente gatinhos. Talvez por ser aquele não comestivel com quem sempre convivi na casa da minha avó. E é justamente pelo muito que gosto deles que não tenho nenhum.

Quando eu andava a estudar ia a casa duma amiga cujo pai tinha um macaquinho muito engraçado ao principio tinha receio, mas só lhe tocava quando a esposa dele o tinha ao colo nunca tive coragem de lhe pegar hoje tenho pena de não o ter feito pois era muito querido... mas a sua NANUCHA ERA MUITO ELEGANTE, QUE PORTE, TOMARA MUITA MOÇOILA SER COMO ELA..