Ervas medicinais à moda de antigamente

Vou amanhã à feira medieval de Leça do Balio, em Matosinhos, onde há barracas que vendem ervas medicinais, como antigamente eram comercializadas. É muito interessante.

Xicão, seguindo o seu conselho fui no passado sábado à feira medieval de Leça do Balio; é o terceiro ano consecutivo que lá vou. E sabem quem encontrei lá? O Branquinho e o Pedro! Vimos a feira, falamos sobre diversas coisas, o Branquinho falou-me sobre a sua ideia de rentabilização das terras que tem em Rezende, o Pedro estava mais entusiasmado com o artesanato, falamos, falamos, falamos... e também comemos e bebemos, pois claro!...
E vimos as ervas medicinais... Montes delas, que curam tudo, ou quase tudo... Aprendemos sempre mais alguma coisa, em termos de plantas medicinais.
Foi uma noite de sábado bem passada, e quando reparamos já era uma hora da manhã...
Quem puder que não deixe de visitar esta feira medieval, no próximo ano.

Ah, esqueci-me de dizer que também lá andava a Oriana (trajada à moda antiga) e a Violeta...

Era um sitio interessante para fazer um encontro do forum!!

Cara Maria João, mas nós vamos ter um encontro dos membros do forum em Lisboa, na segunda quinzena de Novembro. Mesmo que não vá frequentar o curso, apareça lá para conhecer o pessoal. Fica o convite...

Ervas medicinais "Á Moda Antiga", ainda as há, felizmente para quem delas precisa apesar de alguns preços que mais chamam atenção do que o produto em si.

Antigamente, na minha infância, isto das plantas não era só de falar por falar ou usar de vez em quando. Os povos das aldeias recorriam a tudo quanto era planta medicinal para as suas maleitas e desde cidreira, dente de leão, papoila, madresilva, rosas, cravos, urtigas, malmequer, camonila, manjerico e uma infinidade de plantas que daria aqui uma boa lista eram o que mais de purgativo, curativo, laxativo, desinfectante, anti-inflamatório e a cura para uma data de doenças que hoje estão "extintas" e se voltarem (como a gripe A - sucessora da gripe Espanhola) por certo poucos e bons serão os que podem ter a certeza que com esta simples infusão se escapa à doença.

Vi na Feira Medieval de Leça do Balio uma variedade de plantas com os mais diversos fins e propósitos, mas não contendo a curiosidade pude constar que tudo o que ali se vendia tinha origem numa empresa espanhola e nenhum folheto se refere sequer que qualquer um desses produtos seja proveniente de Portugal quanto mais produto nacional nosso. No fim e ao cabo tirei a minha conclusão: "Que anda a fazer o povo português em termos de medicina natural?" Pelo menos retirei um cartão de apresentação e fiquei a conhecer o fornecedor.

Caramba, fiquei pasmado pela quantidade e variedade ali existente. Havia para tudo e mais qualquer coisa até mesmo doenças inventadas por quem de direito a possuir uma qualquer doença que o impeça de ir trabalhar uns dias e goze, pelo menos, de 15 dias de baixa renumerados a 15 euros por dia (80%). Agora eu pergunto onde é que eu vou sacar aquelas plantas todas e fazer um quintal de tamanho respeitável que me dê uma produção de tal quantidade e variedade de ervas? Acho se consultar os velhos anciões da aldeia e tomar um chá de manhã, outro à tarde e outro antes de adormecer obtenho a pedra filosofal e ai a juventude para uns bosn séculos.

Bem, deixando de brincar, eu reparo que há de facto muitas feiras que expõem quantidades e variedades que dificilmente se vêem em Portugal ou tenha - eu pelo menos - obtido conhecimento que haja quem produza uma variedade de 10 a 20 de plantas diversas quanto mais um número mais elevado de variedades e espécies. Fico, em conclusão, a pensar que para plantar metade da variedade existente nesta e noutras feiras eu precisava de saber quais as plantas que darão em determinada região e sobretudo quais as suas propriedades curativas e/ou nucleares em termos de curarem várias maleitas. Ai é outra história que nem vale a pena pensar.

Também reparei nisso, sim senhor. Aliás, é a terceira vez consecutiva que vou a esta feira medieval, e essa barraca de ervas medicinais está sempre presente. Mas são espanhóis...
Mas devo dizer, que se fazia aqui no Porto, no mercado Ferreira Borges, junto à Ribeira, uma pequena feira anual de produtos biológicos, onde estavam presentes diversos expositores, quase todos de origem portuguesa, mas havia lá uma senhora alemã, acompanhada da sua filha (ambas com aspecto pouco limpo) que vendiam ervas aromáticas de origem biológica, que recolhiam na região das serras algarvias.
É pena que o mercado Ferreira Borges tenha mudado de mãos, e agora não mais se fazem feiras dessas...

Ah!! O mercado Ferreira Borges tem um projecto para o restaurar e depois o transformar num mercado normal sempre aberto ao público - isto é o me dizem alguns.
No entanto há muitos ervanários que se socorrem de empresas distribuidoras de ervas medicinais que dificilmente se recolhem em Portugal, pelo que como o nosso clima não possui as devidas condições, solo ou até mesmo quem seja capaz de as cultivar boa parte vem de outros países.

Infelizmente, nós os portugueses de gema, temos uma política que possui nas suas fileiras pessoas que possuem cabeça que não serve para nada - caso bem idêntico ao dos pregos cuja cabeça só serve para martelar nela. Assim, na falta de incentivos que estimulem a boa produção portuguesa e o andamento de uma economia mais versátil em produto nacional dá-se preferência a ignorar o que é "nacional" e trata-se de comprar tudo o que é de origem estrangeira. Em suma, a produção portuguesa é boa para deitar aos porcos e somente a que vem do estrangeiro é que é boa e mais sadia para consumo. Vá-se lá saber "porquê"???

Ficamos com ideia que se formos produzir uma determinada quantidade temos no final uma produção que não serve senão para enfeitar, e que por milhares de prós e contras temos que nos resignar a ver outros países a vender o produto e o nosso a ser votado ao puro ostracismo. Por essa e por outras razões é que vamos controlar a produção de tudo o que nos propomos plantar e produzir. Ficam os produtos por registar e toda uma produção fica entre família e amigos.

Não sendo adepto de uma vida ingrata nem me contentando com ela quanto mais chegar sequer a considerar que haja alguém que me diga que o que eu produzir não presta, leva-me a crer e cada vez mais conver-me a mim mesmo que há muita razão nas sabias palavras de muita gente que conheço que só produz biológico para consumo da sua família. Deste modo os produtos que faziam parte de todo um Portugal que se orgulhava em possuir uma cozinha e produção própria acabará por desaparecer e a tradição também.

Relembro que a Cultura de um Povo é a sua Identidade. Ao perder-mos a nossa cultura enquanto povo, perdemos gradualmente a nossa identificação perante os outros países que avançam cada vez mais sobre a obtenção de maiores quotas de vendas e que deste modo ignoramos o que é nosso até ao ponto de não se produzir nada. Não me pasmo quanto mais me deixo surpreender quando verifico que há muitos emigrantes a regressar às origens, a viver dos campos, a colonizar superfícies de terras fertéis,.