As orquídeas -Reprodução por processo merismático, simbiótico e assimbiótico

Este processo foi testado, pela primeira vez, em 1960 pelo fisiologista vegetal francês George Morel, e requer experiência laboratorial a quem pretende usá-lo, pois é um processo complexo e de difícil execução.

Nas orquídeas encontra-se localizado no interior das gemas o tecido vegetal diferenciado, cujas células se multiplicam de uma forma extraordinariamente rápida. Esse tecido tem o nome de meristema e consiste numa espécie de bolinha de cerca de um milímetro, protegido por sucessivas camadas de pequeninas folhas. Também podem estar localizados na haste floral ou até na própria raiz, mas apenas nalguns géneros de orquídeas.

Para retirar o broto deve ser usado um microscópio, e o trabalho deve ser efectuado dentro duma capela de vidro, para evitar contaminação.
Para desfolhar o broto devemos usar uma lupa, e depois de retirada aquela minùscula bolinha verde, a mesma é colocada num meio de cultura aquoso, agitando sempre o recipiente até se formar um protocórmio, também chamado calo vegetal.

Este protocórmio, quando formado será dividido em quatro partes, que por sua vez irão ainda ser dividas, cada uma, noutras quatro partes, e assim sucessivamente. Esses pedaços de protocórmios são colocados em novos recipientes, continuando sempre a serem agitados, e irão dar origem a novos que serão também divididos.

E este processo só termina quando tivermos obtido a quantidade desejada de protocórmios, altura em que serão transferidos para novos recipientes com outro meio de cultura. Estes recipientes não serão agitados. Após algum tempo, formar-se-ão as plântulas com folhas e raiz.

Este é o método usado pelos produtores profissionais, é um método de reprodução em série, embora, por vezes, a excessiva divisão do meristema leve à degeneração da planta-mãe.

E este processo leva a que cada vez mais, sejam "raras" as espécies "raras".

Este método é muito difícil para mim, mas tenho ouvido falar em processo simbiótico para reproduzir orquídeas. Em que consiste? E é fácil?

Muito interessante este processo merismático de reprodução, mas só para quem sabe. De qualquer forma é a primeira vez que li algo sobre o assunto. Obrigado.

O processo simbiótico é o processo natural, feiro pela Natureza, é a reprodução por sementes.
Imediatamente no dia seguinte à fecundação, a flor fecha-se e dá-se início ao entumescimento do seu ovário, que se encontra situado na parte traseira da flor. Então começa a formar-se uma cápsula, que irá dar origem a minúsculas sementes (entre 300 a 500.000).
A cápsula leva aproximadamente um ano a crescer e amadurecer e, ao abrir-se, o vento transporta as suas sementes para os sítios mais diversos.

Mas estas sementes só germinarão se os seus embriões forem "atacados" pelo fungo MICORRIZA, que produz o alimento e os açucares necessários à germinação. Além disso, necessitam encontrar condições ideais de temperatura, luminosidade e humidade, para que germinem.

Como vêem, até na própria Natureza não é fácil a reprodução de orquídeas.

O processo assimbiótico consiste na reprodução por sementes, mas em laboratório.
Em 1922 o norte americano Lewis Knudson descobriu este processo de cultura assimbiótica, e produziu em laboratório, novas orquídeas, conseguindo uma solução química que produzia os mesmos efeitos do fungo micorriza nas sementes, provocando assim a sua germinação.

Mas, também não é fácil este método de reprodução, sobretudo para os mais inexperientes em questões laboratoriais.

Que tipo de contaminação pode ocorrer nesta operação, para se usar uma capela de vidro?
Pelo que percebi, vai-se desfolhando a orquídea até se encontrar o broto, no meio/centro da origem das folhas, é isso?

Não, não, caro Pereira, não se desfolha a orquídea. Abre-se a gema, e esta operação tem de ser efectuada com imensos cuidados dentro de uma capela para evitar o mais possível o contacto com bactérias. Há capelas próprias, fechadas por todos os lados, em que a parte de cima se abre; para além disso na parte da frente, o vidro é cortado em redondo em dois sítios, para dar passagem às mãos. Aí é colocado em cada buraco uma espécie de manga em borracha fina ou em tecido, com elástico na extremidade exterior. Enfiam-se os braços pelas mangas, o elástico aperta os braços e impede a entrada de bactérias indesejáveis para dentro da capela.
Também o material que transportamos para dentro da capela é convenientemente desinfectado, ou pelo fogo ou por uma solução adequada.